Aqueles que coordenam os encontros dos Núcleos Inacianos devem dar atenção a dois aspectos que estão interligados e que devem estar em harmonia:
1) Parte Prática: a organização e esquematização do encontro, dando respostas claras ao tipo de encontro:
a. Por que estamos fazendo este encontro? (qual o real motivo?)
b. Para quem será este encontro? (iniciantes? Pessoal de caminhada?)
c. Que tipo de encontro é melhor? (uma tarde? meio período?)
d. Quando será (durante a semana? No feriado? Final de semana? à noite?)
e. Como será realizado? (quem irá organizar? Quem estará a frente?)
f. Onde será realizado (na casa de alguém? Na paróquia? Num local fora?)
2) Parte Conteúdo: a definição do tema, seu desenvolvimento e organização da apresentação do mesmo à luz da metodologia inaciana.
1 - PARTE PRÁTICA
a) Por que estamos fazendo este encontro?
Conversar sobre o que se espera deste momento, o que se busca e o que se espera como fruto do encontro. Na maioria das vezes surgem ideias empolgadas a respeito de encontros, acreditando que é bom para todos e nos movimentamos de forma apressada. No fim ocorrem encontros que mais cumpriram a finalidade de “foi bom estar juntos”, mas que não deixam um verdadeiro sabor de um momento de intimidade com o Senhor. Por vezes encontros com um número menor de pessoas, num período menor de tempo, cumprem a finalidade de um momento de paz e intimidade na oração. É prudente discernir o que realmente melhor atinge o fim para evitar esforços desnecessários e frustrantes.
b) Para quem será este encontro?
Entender quem serão os participantes do encontro: Qual a caminhada espiritual dos participantes? Qual a média de idade? Qual é a familiaridade do grupo com retiros? Conhecem a espiritualidade inaciana? Cada tipo de participantes requer um tipo de aproximação adequada para melhor aproveitamento do conteúdo a ser orado.
c) Qual o tipo do Encontro, Quando será e Onde será realizado?
Tudo flui mais em harmonia quando discutido em grupo. Definir como será o encontro, se uma noite ou uma tarde de espiritualidade, ajuda em muito o sucesso do encontro e sua continuidade. Encontrar um dia e horário que seja conveniente para todos, sabendo sempre que é difícil contentar a todos. O local onde será realizado deve ser propício para se bons momentos de silêncio e sem muita movimentação no entorno. Enfim, devemos investir um tempo pensando nestes pontos para depois não ter que voltar e alterar por que não foi observado algo que era importante para alguém.
d) Como será realizado?
Jesus enviava seus discípulos dois a dois e devemos buscar seguir este critério. É muito bom para trocar ideias, ter com quem resolver problemas que surgem de última hora, entre outras situações. Sempre que possível envolver alguém do Núcleo que esteja iniciando no ministério dos Exercícios Espirituais. Aprendemos mais quando ensinamos e, ao mesmo tempo, fortalecemos o corpo apostólico.
Uma pessoa assume a coordenação e se responsabiliza pelo encontro, mas o desenvolvimento do mesmo, sempre que possível, deverá ser feito por todos que compõem a equipe. Dividir responsabilidades permitindo que cada integrante fique responsável por uma parte demonstra coerência e fortalece a convivência harmoniosa e positiva entre irmãos. Consulte, convide e dê espaço para que declinem se necessário, sem se sentirem indelicados ou culpados. O importante é que o Núcleo tenha um bom entrosamento e que todos colaborem cada qual a seu modo, colocando seus dons a serviço do Reino.
A equipe, como um corpo apostólico, possibilita que cada um faça uma parte, como os membros de um só corpo onde Cristo é a cabeça. O objetivo é único: ajudar outras pessoas a experimentarem mais intimidade com Jesus e o amor incondicional de Deus por elas.
2. PARTE CONTEÚDO
O que apresentamos aqui serve como guia e não substitui a sensibilidade pessoal perante o que vai ser tratado, o público que participará e o local onde se realiza o encontro. Independentemente do tipo de encontro, a estrutura abaixo serve como referência e pode ser adaptada a critério do responsável e equipe.
I – Exemplo de Estrutura de um Encontro
a) Abertura do Encontro
Iniciar explicando o motivo pelo qual estão todos ali reunidos, ainda que de forma superficial e reduzida, mas dar a conhecer o que será feito durante as horas em que estarão juntos. Neste momento, caso os participantes sejam pessoas iniciantes, pode-se falar brevemente sobre Santo Inácio de Loyola, de como e onde surgiu esta forma de rezar. Este momento ajuda a já falar das moções, do discernimento dos espíritos, sem explicar detalhadamente, mas apenas pontuar através da história de Santo Inácio.
b) Inicio do Encontro
Se necessário, pedir que as pessoas se apresentem caso ali se encontre alguém que vem pela primeira vez.
Oração Inicial de Abertura: pode ser uma invocação ao Espirito Santo, uma oração comunitária, um canto ou um salmo. Este momento é de recepção, de pacificação e de colocar todos unidos num mesmo propósito, ou seja, orar. Não há necessidade de ser longo, mas de predispor as pessoas para ouvir a Deus, se colocar em posição de escuta de Deus, do próximo e de si.
c) Apresentação do Tema a Ser Rezado
Neste momento os participantes tomam conhecimento do tema que será rezado, sem que seja necessário entrar em muitos detalhes. O importante é que eles tenham uma noção de que estão participando de uma experiência de oração através da Espiritualidade Inaciana e suas características. E precisamos ter consciência que a cada encontro tudo é novo. Ainda que tenhamos uma caminhada, a disponibilidade de coração, a pureza no escutar o encontro nos abre para uma nova compreensão de temas já conhecidos.
d) Modo de Orar
Oração é diálogo com Deus e para tal faz-se necessário o silêncio [exterior e interior]. Aqui é oportuno explorar os três modos de orar oferecidos por Santo Inácio, conforme os EE 238 a EE 248. Reforçar a oração preparatória (EE 46), pois ela é o resumo do Princípio e Fundamento em forma de oração e a graça a ser pedida (EE 48). Ensinar a terminar a oração com um colóquio final e relembrar a revisão e anotação da oração, a qual pode ser feita de forma dirigida após o primeiro momento de oração; facilita aos iniciantes não serem sobrecarregados com muitas orientações.
Este modo de apresentação ajuda a compreender o caminho, do início ao fim, de um tempo de oração e clareia a existência dos dois momentos distintos, ambos privilegiados com toques de Deus. É essencial ajudar a perceberem os frutos da oração e como se faz o registro dos toques de Deus percebidos durante a oração. Aos que estão iniciando nesta metodologia, sempre é muito bom fazer tanto a oração como a revisão da oração de modo dirigido.
e) Atenção no Tempo de Oração Pessoal ou Oração dirigida
Caso o grupo de participantes não tenha experiência com o modo inaciano de orar, muito ajuda fazer uma oração dirigida no primeiro momento. Isto facilita o aprendizado e o deixar-se conduzir por Deus. Depois se pode dar de forma mais didática os passos da oração.
Caso o grupo seja mais experiente, basta recordar os passos da oração: recordar os preâmbulos, o pedido de graça, o colóquio, a revisão da oração e seu registro e então dar os pontos para a oração, informando o tempo disponível para a oração pessoal.
f) Partilha da Oração
É muito proveitoso em todo encontro favorecer o tempo de partilha em grupo. Ouvir o fruto da oração dos outros acrescenta e purifica nossa própria oração. Este momento também é uma forma de oração, onde cada um acolhe a partilha do outro, e reza em seu coração, tornando o grupo mais intimo e engajado. Vale ressaltar que não é momento de falar entre si, mas trata-se de falar sobre a oração [não é contar sobre a vida] e os outros do grupo acolhem no silêncio de seus corações, como Maria, refletindo consigo mesmo.
g) Apresentar o Exame Geral Cotidiano ou Exame de Consciência [EE 43]
Uma caminhada espiritual segundo Santo Inácio, requer o entendimento e realização do exame de consciência diariamente, ao menos uma vez ao dia. Pode ser feito à noite, antes de dormir. É uma ferramenta muito útil, que ajuda a manter a sintonia fina com Deus, a atenção e discernimento pessoal e a boa relação com os outros.
h) Avaliação e Sugestões de Continuidade
Ao final de tudo pode-se estimular o grupo a revisar e dizer como foi a experiência, o que mais agradou e o que não ajudou. As sugestões auxiliam em momentos futuros, com o mesmo grupo ou para outras preparações de encontros. Se for o caso, pode-se fazer uma proposta de continuidade, ofertar textos a serem rezados em casa durante a semana, a leitura orante de algum material, etc.
i) Enceramento e Oração Final
Terminar o encontro de forma orante. Quando possível terminar com a Eucaristia. Este momento propicia que cada apresente a Deus seu louvor e gratidão, a pedir ao Espírito Santo docilidade para se deixar conduzir por Ele e a graça de permanecer em Deus. Se não for possível uma celebração, encerrar com uma oração formal: Pai-Nosso, Ave-Maria e/ou Glória.
Se desejar, busque na área de Formulários modelos de planejamentos para uso ou referência; há também diversos outros materiais de suporte. Sinta-se na liberdade de analisar e adaptar conforme o encontro. As experiências vivenciadas pelos Núcleos e as contribuições pessoais compartilhadas com a Coordenação dos Núcleos Inacianos serão muito apreciadas.